Dinheiro e religião sempre foi um assunto muito complicado. Isso porque, em geral, os fiéis dão a sua contribuição pensando que estão contribuindo para a “obra de deus”.
Na cabeça deles, todo o dinheiro é usado para motivos nobres, como ajudar doentes e pobres. Mas nem sempre é assim.
A história mostra vários exemplos de instituições religiosas que usaram e usam suas riquezas de uma maneira não tão…digamos…nobre. A Igreja Católica talvez seja o melhor exemplo disso. Ao misturar política, riqueza e religião, o Vaticano acabou recriando uma fórmula que os antigos já demonstraram ser uma péssima idéia. Tanto que, o Iluminismo fez questão de defender o Estado laico. Em uma democracia, o contribuinte tem o direito de saber como os seus governantes vão gastar o dinheiro; afinal de contas, o dinheiro veio do povo.
Todavia, em uma clerocracia (caso do Vaticano), os “contribuintes” não sabem o que é feito com o dinheiro arrecadado pelo poder central. E isso cria uma grande margem para todo tipo de sujeira nos corredores do poder. A Igreja Católica, como um todo, possui uma vasta riqueza distribuída pelos países. Um bispo católico ganha muito bem, obrigado. A Igreja possui carteiras de investimentos, um banco, propriedades em todo o mundo que valem bilhões, e além disso ainda há o dinheiro dos fiéis. São muitas riquezas para uma religião que tem como fundador uma pessoa humilde e simples. No caixa do Vaticano há cerca de 316 milhões de dólares; parte desse montante vem do Óbulo de São Pedro (doações diretas ao papa), Banco do Vaticano e as Dioceses (somente aquelas em que sobra dinheiro).
Além disso, há a carteira de investimentos da Santa Sé: um pouco menos de 4 bilhões de euros. Isso seria apenas uma estimativa, pois os números exatos são mantidos em total sigilo. Porém, toda essa riqueza é apenas do poder central. As igrejas de cada país agem de maneira independente, e possuem riquezas independentes também. As mais ricas são as igrejas da Alemanha e dos Estados Unidos. A igreja germânica possui cerca de 200 bilhões em euros apenas em imóveis. Aliás, na Alemanha ocorre algo muito curioso: há uma espécie de imposto da Igreja.
Funciona assim: todo o cidadão alemão que se declara católico possui 9% do seu Imposto de Renda destinado a Igreja. Legal não é? Daí pode-se entender porque a Igreja Alemã é uma das mais ricas, apesar de não possuir um grande número de fiéis, comparado com outras igrejas. Portanto, se formos juntar os bilhões das principais igrejas nacionais mais as riquezas do Vaticano, vamos perceber o quanto é vasta a riqueza católica. Uma riqueza que foi acumulada através dos séculos, e ganha muitas vezes por meios não muitos cristãos.
Por exemplo: o Estado do Vaticano como o conhecemos hoje, surgiu graças ao Tratado de Latrão, um acordo entre a Santa Sé e o “querido” ditador Benito Mussolini. O ditador italiano reconheceu o Estado Soberano da Santa Sé e ainda indemnizou os católicos pelas perdas de algumas terras. Assim, a Igreja recebeu cerca de 2 bilhões de liras do governo de Mussolini; e graças a esse dinheiro, o Papa começou a fazer uma série de obras na Santa Sé, e a deixou com o formato de hoje. Portanto, foi graças a um acordo com um ditador sangrento, que viria mais tarde ser um aliado estratégico de Hitler, que a Santa Igreja conseguiu manter o seu Estado.
Com essa viagem dentro das economias da Santa Igreja, percebemos como é injusto um fiel, que muitas vezes passa por dificuldades financeiras, dar a sua contribuição a uma instituição já bilionária. É bem verdade que o Vaticano possui alguns programas de assistências aos pobres e doentes; mas comparado a riqueza e poder que ela possui, podemos perceber que a Santa Sé poderia fazer muito mais.
É como aquela parábola de Jesus sobre a viúva que doa as duas moedas. A viúva deu tudo o que tinha, e por isso do ponto de vista moral, ela deu mais. Os fariseus por sua vez, deram sacos de moedas de ouro; porém como aquilo era apenas uma pequena parte de sua riqueza, eles deram muito pouco. Situação parecida vivem hoje os fiéis católicos e a instituição católica. Muitos fiéis se esforçam para dar o seu dinheiro, portanto dão muito mais que a própria Igreja que seguem. A Igreja hoje, se comporta como um fariseu; ela ajuda muito pouco comparada a toda riqueza que possui.
Fonte: Opúsculo
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