O PSDB lançou neste sábado oficialmente a candidatura do senador Aécio Neves à
Presidência da República, animado com sua evolução nas pesquisas e empenhado em
atrair para ele o desejo de mudança do eleitorado. Mas deve aguardar o desfecho
das convenções de partidos aliados para escolher um vice para a chapa.
Na avaliação dos tucanos, a pré-campanha foi bem-sucedida. Aécio subiu nas
pesquisas mesmo antes da propaganda eleitoral gratuita e o colocou como
principal alternativa do campo de oposição à presidente Dilma Rousseff, que
busca a reeleição.
"A pré-campanha cumpriu seus objetivos, de chegar em segundo lugar nas pesquisas e com esse clima de pólo alternativo de poder", disse à Reuters o deputado Marcus Pestana (MG), um dos conselheiros de Aécio.
As últimas pesquisas mostraram Aécio em torno de 20 por cento das intenções de voto, com uma vantagem folgada sobre o terceiro colocado, Eduardo Campos (PSB), num cenário de queda de Dilma.
A partir de agora, com a campanha eleitoral liberada formalmente ela entra numa nova fase. As críticas à Dilma continuarão, mas Aécio deve focá-las mais na gestão do PT e passará a apresentar propostas concretas.
"As pesquisas indicam que Dilma é um pouco melhor avaliada do que o governo. As pessoas têm a impressão de que nada que o governo faz dá certo", disse um dos estrategistas da campanha comentando os levantamentos internos do PSDB.
O candidato tucano baterá na tecla de que o governo gasta mal o dinheiro dos impostos e que o PT age para desviar recursos públicos.
Segundo essa fonte, Aécio conseguiu se firmar no eleitorado de oposição como alternativa e agora precisa atrair os eleitores que se beneficiam das políticas do governo, mas estão infelizes com Dilma e o PT.
"Agora ele precisa buscar o eleitorado dela, que está desgarrando", disse a fonte. Para isso, a agenda de Aécio no Nordeste será reforçada e suas propostas terão como alvo as classes de renda mais baixa.
Para Pestana, é hora de consolidar a candidatura tucana no eleitorado que quer mudança.
"Cabe à oposição nesse cenário galvanizar o sentimento mudancista do eleitorado", disse.
VICE E APOIOS PARTIDÁRIOS
A falta de um vice não é motivo de desânimo ou preocupação para os tucanos, que estão de dedos cruzados esperando que alguns partidos aliados do governo desistam de apoiar oficialmente a reeleição de Dilma.
Os estrategistas de Aécio acham muito difícil que algum partido deixe de apoiar Dilma e fique com o PSDB formalmente, mas acreditam que PR, PP, PSD podem ter surpresas nas convenções e não se integrar oficialmente à aliança da petista.
"Nossos esforços são para tirar esses partidos da aliança da Dilma e fazer com que eles fiquem pelo menos neutros", disse um desses estrategistas à Reuters, sob condição de anonimato.
PSD e PP já anunciaram que estarão com Dilma, mas ainda precisam formalizar essa posição em suas convenções. O PR está muito dividido e são grandes as chances de a legenda não se integrar a nenhuma candidatura presidencial.
Caso nenhum desses partidos passe a integrar a campanha tucana, Aécio deve ter um vice do PSDB. O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), e o ex-senador Tasso Jereissati são os mais cotados para assumir a vaga.
"Essa é uma preocupação de vocês jornalistas", disse Ferreira à Reuters.
Para ele, mesmo que as legendas aliadas não se integrem ao projeto do PSDB Dilma já não conta com o apoio delas na totalidade. O senador avalia que o resultado da convenção do PMDB é um exemplo emblemático de como os partidos aliados vão se comportar nessa eleição.
"A política eleitoral se faz cada vez mais nos Estados e os partidos que não têm como lançar candidatura própria à presidente, como o PMDB, procuram desenvolver uma estratégia alternativa... para eleger mais deputados e senadores", argumentou o senador.
Na terça, o PMDB aprovou por uma margem apertada a renovação da aliança nacional com Dilma, demonstrando que na base setores do partido devem optar já na disputa do primeiro turno por adversários da petista.
Fonte: Reuters
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